Fotografia de 1948/49 tirada no jogo frente à Académica no Lumiar em 1949 e que poderia dar a «passagem» para a I Divisão, mas que acabamos por perder por 1-2.
O Largo do Coreto em Portimão naquela tarde encheu-se para ouvir o relato pela rádio.
O Portimonense esteve a um pequeno passo da subida à I Divisão na temporada de 1948/49.
"... A equipa começou por ganhar tranquilamente a sua séria na II Divisão, com onze vitórias, um empate e duas derrotas, superando Beja, Farense, União de Montemor, Boa Esperança, Portalegrense, Campomaiorense e Moura, e, na fase seguinte, saiu-se a contento, depois de um começo decepcionante, com uma derrota no reduto da Cuf (1-0) e um empate caseiro frente ao Oriental (2-2).
Seguiram-se, todavia, triunfos em casa frente a Beja (5-2) e Cuf (4-2) e um excelente empate no reduto do Oriental (2-2).
Como o Beja estava impedido de utilizar o seu campo, o último jogo disputou-se em Portimão e os alvi-negros bateram os alentejanos por 6-1, «carimbando» a passagem à próxima etapa.
Um triunfo dilatado (3-0, frente ao Oriental) abriu boas perspectivas, depois anuladas pelas derrotas nos recintos da Académica (0-1) e do Famalicão (2-3), rebentando, entretanto, um escândalo de enormes proporções, por alegada corrupção no jogo Oriental-Famalicão, ganho pela primeira daquelas formações, por 5-1.
Um jogador minhoto, de nome Pires, não terá resistido a uma oferta de um dirigente do Oriental e as duas equipas acabaram por ser eliminadas da prova, por decisão da Federação Portuguesa de Futebol.
Antes de tomada uma decisão final o Portimonense ainda jogou com a Académica, ganhando por 2-0, e com o Oriental (derrota por 6-1), num jogo marcado por graves incidentes, com a comitiva alvi-negra a ser maltratada.
Os jogadores, o presidente José Mendes Furtado, a quem até um cachecol do clube roubaram, e o treinador Joseph Szabo viram-se «empurrados, agredidos e cuspidos», segundo os relatos da época.
Com o afastamento de Oriental e Famalicão, tudo indicava que contariam apenas os resultados entre as outras duas formações e, como o Portimonense estava em vantagem nos jogos com a Académica (derrota por 1-0 e vitória por 2-0), alguns jornais chegaram a anunciar a subida dos alvi-negros à I Divisão.
Puro engano! Os «estudantes» tinham, então, grande influência e o Ministro da Educação chamou a si a resolução do problema, decidindo-se pela marcação de um jogo entre as duas formações, em campo neutro.
O duelo realizou-se em Lisboa, a 5 de Junho de 1949, no Lumiar.
Sob a direcção do árbitro Oliveira Machado (Lisboa), o Portimonense apresentou os seguintes elementos: Afonso; Jorge e Vicente; Nunes, Luz I e Granadeiro; Luz II, Jesus, Gilberto, Delfino e Pascoal.
A Académica ganhou, por 2-1, com Pascoal a marcar para os alvi-negros, enquanto Pacheco e Gomes conseguiram os tentos dos conimbricences, de nada valendo os cuidados do dirigente Joaquim de Mendonça Lopes, que manteve os jogadores alvi-negros incomunicáveis até à hora do jogo.
Restava ainda uma última oportunidade ao Portimonense para ascender à I Divisão, pois disputaria uma semana depois a «liguilla» de acesso ao escalão superior com o Lusitano de Vila Real de Santo António, que ficara em penúltimo no escalão principal. Nova derrota, pela mesma marca (2-1), com golos de Granadeiro, para os alvi-negros, e Germano e Almeida, para os vilarealenses, num jogo disputado em Faro.
Acabava-se o sonho mas ficara demonstrado o valor da equipa, orientada por um técnico reputado, Joseph Szabo, que se sagrara campeão nacional por três vezes, uma ao serviço do FC Porto (34/35) e duas no comando do Sporting (40/41 e 43/44), e soube incutir ambição e disciplina num grupo de boa qualidade técnica..."