Clube

PARTILHE AS SUAS FOTOS [arquivos@portimonense.pt]

HISTÓRIA DO PORTIMONENSE

Um resumo da história do nosso clube retirada do livro de Armando Alves «89 Anos de História - Portimonense SC».

Uma bola vinda de Inglaterra

O portimonense Pedro Bento d'Azevedo casou com uma cidadã Inglesa, Elizabeth Pearce, em pleno século XIX. Despachante oficial, viria a notabilizar-se pelo forte impulso dado à indústria conserveira - as sardinhas Mary Elizabeth ficaram conhecidas em todo o mundo. Da aludida união nasceu um rebento, José Pearce d'Azevedo, que viria a ter uma oportunidade rara na época (e ainda hoje...) - foi estudar para Londres, beneficiando das fortes ligações da família a Inglaterra, intensificadas ao longo dos anos, através, em particular, da instalação em Portimão do primeiro consulado britânico no Algarve.
  
O foot-ball era, então, o desporto da moda entre os homens londrinos e José Pearce d'Azevedo - avô de José Manuel Pearce d'Azevedo, primeiro presidente da Comissão Regional de Turismo do Algarve e durante muitos anos cônsul do Reino Unido na nossa província - depressa tomou gosto pela modalidade.
  
Os irmãos Pinto Basto, apontados como responsáveis pela introdução do futebol em Portugal, estudaram em Inglaterra sensivelmente na mesma altura que José Pearce d'Azevedo o fez, no século XIX. No regresso a casa, o jovem, dada a paixão entretanto adquirida pelo foot-ball, trouxe consigo uma bola e umas chuteiras, com biqueira de aço e forradas a cabedal.
  
Relatos publicados na imprensa, no inicio do século XX (mais concretamente em 1902, doze anos antes da fundação do Portimonense), fazem alusão à prática do jogo de foot-ball - assim mesmo, escrito à inglesa - no então designado aterro do cais, onde hoje se encontra a Praça Manuel Teixeira Gomes. Tudo indica que José Pearce d'Azevedo conseguiu incutir o gosto pela modalidade noutros jovens de Portimão, os quais ensaiaram os primeiros pontapés em condições rudimentares e de forma ainda não organizada.
  
Nessa época, o império britânico estendia as suas ramificações à bacia mediterrânica (Malta, Gibraltar e norte de África) e Lagos era um importante ponto de apoio às embarcações que faziam as ligações com esses domínios, por força das magníficas condições da sua baía. Nos tempos mortos, os marinheiros dedicavam-se à prática do foot-ball (também no denominado aterro do cais, mas na cidade lacobrigense) e os jornais de então fazem referência a um "sport estranho, com onze jogadores de cada lado a pontapearem desenfreadamente uma bola, sob a direcção d eum referee".
  
Poderemos, pois, retirar a seguinte ilação: os primeiros jogos de futebol realizados no Algarve tiveram lugar em Lagos, mas neles participaram apenas estrangeiros (os tripulantes dos barcos ingleses em trânsito), tudo apontando para que Portimão tenha sido palco de estreia de pelejas entre residentes locais, por força da vivência de José Pearce d'Azevedo em terras britânicas. De forma um pouco anárquica, talvez, e sem uma obediência cega aos preceitos das regras - os jornais que noticiam os primeiros jogos em Portimão não falam no referee, por exemplo -, mas sendo essa a raiz da formação do Portimonense Sporting Clube.
  
A loja de mestre Amadeu Figueiras d'Andrade - alguns dos portimonenses com mais anos de vida ainda calçaram sapatos feitos aí... - situava-se bem perto do aterro do cais, no início da rua de Santa Isabel, e tornou-se o ponto de encontro de muitos jovens ligados à modalidade, com a conivência do proprietário, que depressa se interessou pelo jogo, beneficiando de uma visão previligada para o (muito improvisado) campo.
  
Amadeu Figueiras d'Andrade, sócio nº1 desde a fundação e até à sua morte - viria a ter um papel fundamental na formação do Portimonense, a diversos níveis: no seu estabelecimento travaram-se intermináveis covnersas em torno do futebol, formando-se um espécie de 'tertúlia' cada vez mais numerosa, na qual se incluíram os fundadores do clube, e, por outro lado, a loja funcionou, na prática, como primeira 'sede', pois ali se guardavam alguns objectos e se encontravam os jogadores antes de cada partida disputada no aterro do cais. José Sequeira júnior foi outra figura de grande influência na 'gestação' da colectividade, que contou, na sua génse, com o entusiasmo de um grupo de jovens e a ajuda de um reduzido número de comerciantes. Os jogadores custeavam os seus equipamentos, assim como todas as restantes despesas, incluindo as inerentes às deslocações a localidades vizinhas, feitas, geralmente, em carros particulares e em algumas ocasiões de comboio.
  
Durante mais de uma década o Portimonense viveu, pode dizer-se, na 'clandestinidade' - só em 1925 (um ano depois do Presidente da República, Manuel Teixeira Gomes, natural da cidade, ter oferecido uma taça ao clube e na época da conquista da Taça Miguel Cruz) foram aprovados os primeiros estatutos, pelo Governador Civil de Faro, Manuel Pedro Guerreiro. São subscritores desses histórico documento Alfredo Gomes, Jorge Inácio do Carmo, José da Silva, José Simões Quintas, Pedro Luís Ferrer, José Gualdino Duarte Calapez, José Cesário Seita, José Joaquim Serra Pereira, José Marques Miranda, António da Silva Duarte, António Cristóvão, Augusto da Mira Leal, José Pearce d'Azevedo, Augusto Guerreiro Gonçalves, Bartolomeu Soares d'Andrade, José Fernandes Guerreiro, Hermenegildo Soares D'Andrade, Armando Furtado Guerra, Francisco Manuel Serôdio, Humberto Sequeira e Manuel Maria da Silva.
  
Nos primeiros estatutos define-se que os sócios maiores pagarão 20 escudos de jóia de admissão e a quota mensal de dois escudos e cinquenta centavos, bem como os equipamentos para as diversas modalidades. No futebol, camisola às riscas em preto e branco, colarinho e punho pretos, o emblema do clube, calção branco e meias pretas com canhão preto e branco e, como uniforme, calça branca, casaco às listas verticais pretas e brancas com dois bolsos baixos e um alto, no lado esquerdo, com o emblema, boné preto e branco com o emblema sobre a pala.
  
O emblema está claramente referenciado: uma águia sobre um escudo, nas cores representativas do clube, com as iniciais PSC ao centro, entrelaçadas.

 
Rivalidades

 
José Braz, de Silves, irmão do poeta João Braz, terá sido o primeiro treinador do Portimonense, numa fase em que o clube começava a organizar-se. O guarda-redes Henrique Vasconcelos é uma das referências desses primeiros tempos, em que os resultados não deixaram grandes recordações.
  
O Sporting Glória ou Morte Portimonense tornou-se, entretanto, no grande rival do Portimonense Sporting Clube. O vizinho evidenciou maior pujança na década de 20 e nos primeiros anos da década de 30 do século passado, a ponto de conseguir o título de campeões do Algarve na época 31/32 (tendo antes disso sido finalista), uns bons anos antes do Portimonense conseguir feito idêntico - o que só sucederia em 1936/37.
  
Fundado sensivelmente na mesma altura do Portimonense, existiria durante alguns anos o Sport Clube Portimonense-os-Leões (De quem não surgem registos a partir do final dos anos 20), mas as grandes tardes de fervorosa rivalidade, tiveram como opositores o Glória ou Morte e, depois, o Boa Esperança. Portimão chegou a contar com quatro clubes - o outro era o Juventude - e só na segunda metade da década de 30 o Portimonense conseguiu, em definitivo, impor-se como o emblema mais representativo da (já então) cidade, beneficiando da vantagem de dispor de instalações próprias, no que apenas era acompanhado pelo Boa Esperança: o campo desta formação situava-se na Quinta da Malata, num terreno onde o viveiro municipal e o centro comercial Modelo, e até há poucos anos ainda eram visíveis os restos de uma pequena bancada.
  
A pujança revelada pelo Glória ou Morte nos anos 20 quase levou o Portimonense à extinção. O rival, para além de dispor de uma excelente equipa de futebol, contava com uma sede que era um chamariz importante e rendia preciosas receitas. Só a tenacidade de um pequeno núcleo de entusiastas, ciosos do seu amor ao Portimonense, evitou o encerramento da actividade, não sem danos significativos: o clube viu-se forçado a abandonar a sua primeira sede, situada num primeiro andar do prédio onde Amadeu Figueiras d'Andrade tinha a sua loja, na esquina da rua de Santa Isabel com a Praça Visconde de Bívar.
  
O momento de viragem surge no final dos anos 20, com a aquisição de um terreno para a instalação de um campo. Durante alguns anos mais o Glória ou Morte ainda oferece dura luta, mas o Portimonense acaba por impor-se como a força mais representativa da cidade. Os exemplos que se seguem ilustram a enorme rivalidade entre os dois emblemas: em 1924, o Olhanense, campeão de Portugal, deslocou-se a Portimão e bateu o Glória ou Morte por 15-1 e o Portimonense por 16-0, com os adeptos do primeiro destes clubes a celebrarem uma goleada por números inferiores como se de um triunfo se tratasse... A 'vingança' chegaria uns anos mais tarde, ao início da década de 30: perspectivava-se a fusão entre o Glória ou Morte e o Portimonense, que acabar de bater o Olhanense - então a força mais poderosa do futebol algarvio - por 3-0, e, numa reunião entre as direcções dos dois emblemas, José Mendes Furtado, dirigente do Portimonense fez logo questão de abortar qualquer possibilidade de entendimento ao dizer: "nós damos a equipa de futebol. E vocês?" Nunca mais se falaria numa fusão, com o decurso dos anos 30, curiosamente, a marcar uma gradual ascensão do Portimonense, coincidente com a queda do Glória ou Morte, enquanto o Boa Esperança se afirmava, aos poucos, como a segunda força desportiva da cidade.
  
A rivalidade não impedia, de quando em vez, a união em torno de um objectivo comum. Em Março de 1933 o Portimonense convidou o Boavista - que então possuía a única equipa profissional do País - a deslocar-se à cidade. Os axadrezados haviam vencido Sporting e Benfica, entre outras formações, mas claudicaram perante uma selecção de Portimão, por 3-2, da qual faziam parte José Sequeira, Augusto Pereira, Luiz Buizel e Serafim (Portimonense), José de Souza, António Sales e António Henrique (Glória ou Morte), Alfredo da Silva e José Vila Nova (Boa Esperança) e Euclides e Pinção (Juventude), figurando como suplentes José Firmino, João de Lagos e Souza (Juventude) e Patrício e Camarão (Glória ou Morte). O triunfo mereceu comemoração na sede do Portimonense: os protagonistas da façanha foram obsequiados com um cálice de vinho do Porto e bolos. José Pearce d'Azevedo (filho de José Pearce d'Azevedo, o homem que trouxe a primeira bola de futebol para Portimão, e pai de José Manuel Pearce d'Azevedo) e José Mendes Furtado assumiram o pagamento das despesas resultantes da vinda do Boavista.
  
Nessa fase, eram frequentes os jogos de solidariedade, com os mais diversos fins. Há registos de torneios em que a receita reverte a favor dos Bombeiros Voluntários, do cofre e da assistência privada do Presidente da Câmara ou do Asilo da Mendicidade, como sucedeu em 1934, com a participação dos quatro clubes da cidade, Portimonense, Glória ou Morte, Boa Esperança e Juventude. Nesses tempos, a Sociedade Filarmónica Portimonense abrilhantava todos os desafios (amistosos e oficiais), antecedidos, em boa parte dos casos, por torneios de tiros aos pratos e outras iniciativas, e em muitos era notada a presença da madrinha do Portimonense, Maria José Azevedo Buizel, filha de José Pearce d'Azevedo.

A madrinha, nascida em 1900, marcou presença nos mais diversos actos relativos à vida do emblema do seu coração - tomadas de posse, recepções, iniciativas de carácter social - e deu o pontapé de saída em muitos jogos. Uma bandeira em seda natural e cetim preto e branco, um dos mais antigos símbolos do Portimonense, foi feita com as suas mãos. Faleceu em 1990, aos 90 anos, com um estandarte do clube a envolver o caixão de uma das suas figuras mais queridas. Em algumas ocasiões o Portimonense teve outras madrinhas, como sucedeu em 1934, aquando da recepção ao Sporting de Isla Cristina - nessa ocasião a função foi desempenhada por Maria da Glória Júdice de Magalhães Barros.

 
Afirmação

 
Finalista do Campeonato do Algarve em 33/34 (batido pelo Farense, na final, em Olhão), o Portimonense teve nessa época a sua estreia internacional, deslocando-se a Isla Cristina, perto de Ayamonte, em Espanha. Uma derrota por 2-0 e um triunfo por 1-0 marcaram a digressão, com o back direito Sequeira e o meia esquerda Pinha a darem nas vistas, segundo o jornal "La Higuerita".
  
Uns meses mais tarde o Sporting de Isla Cristina retríbuiria, registando-se um empate a cinco golos no primeiro jogo e um triunfo do Portimonense, por 4-2, no segundo. O Portimonense apresentou a seguinte equipa, no confronto inicial: Adelino, Sequeira, Augusto Pereira, Anastácio, Henrique, Pinha, Alberto, Encarnação, Euclides, Pinção e José Vicente.
  
Em 1935/36 o Portimonense venceu a Taça do Algarve - 2-0 diante do Farense, em Olhão - e nessa mesma época participou pela primeira vez no campeonato da II Liga, não indo além do quarto e ultimo posto no oitavo grupo, atrás de Olhanense, Farense e Juventude de Évora, com apenas uma vitória averbada em seis jogos, a que se juntou um empate e quatro derrotas (5 golos marcados, 22 sofridos).
  
Também nessa época, o Portimonense conquista o título de campeão do Barlavento e na época seguinte sagra-se campeão do Algarve, depois de bater de novo o Farense, agora em Silves, mas, na II Liga, não vai além de um terceiro posto no 10º grupo, atrás de Olhanense e Farense e à frente do Nacional (de Silves), com uma vitória, dois empates e três derrotas (14 golos marcados, 23 sofridos). Na temporada seguinte o Portimonense melhorou substancialmente e só por infelicidade não conseguiu o apuramento para a fase seguinte, pois terminou o grupo 10º no segundo posto, em igualdade com o Olhanense (8 pontos), resultado de quatro triunfos e duas derrotas (14 golos marcados, 13 sofridos).
  
O Portimonense ganha asas para outros voos. A vinda de um conceituado treinador, o húngaro Lipo Herczka, que havia vencido a I Liga em três épocas consecutivas (35/36 a 37/38), ao serviço do Benfica, passando ainda por Académica e FC Porto, no nosso País, e vários clubes alemães e Real Madrid, Atlético de Bilbau, Hércules de Alicante e Real Sociedad, em Espanha. O notável trabalho produzido por este técnico - que faleceria em Montemor-o-Novo, sendo depositavas flores na sua campa em várias deslocações do Portimonense àquela localidade alentejana - e a qualidade de alguns jogadores renderia os seus frutos, com a equipa a participar na fase final do campeonato nacional da II Divisão em 45/46. Interessado pela vida do clube, procurou criar condições para que o futebol deixasse de ser apenas um jogo de homens, com um crescente número de senhoras a presenciar as partidas.
  
A turma de Portimão venceu a série 16 da II Divisão, somando por vitórias os oito jogos disputados (frente a Lusitano, Farense, Boa Esperança e Lisboa e Faro), e nas meias-finais do grupo D bateu o Luso de Beja, em Setúbal, por 2-0, para, na final, superar o Sporting Elvense, no campo da Cuf, no Barreiro, por 4-1, e garantiu o direito de disputar o acesso ao patamar superior do futebol português.
  
Estoril, que se sagrou campeão, com nove pontos, Famalicão (segundo classificado) e União de Coimbra (terceiro) foram os adversários dos alvi-negros, os quais venceram o União de Coimbra, por 1-0, num jogo marcado por algumas peripécias: uma intensa bátega de água levou o árbitro a suspender a partida quando o Portimonense ganhava por 1-0 (golo de Gilberto) e, repetido na íntegra dois dias depois (uma terça-feira, 13 de Maio de 1946), o êxito sorriu às mesmas cores, fruto de um tento de Pacheco. Alinharam: João Afonso; Artur e Pintado; Vitória, Quinta e Vicente; Marreiros e Pacheco; Gilberto, Delfino e Peniche.
  
Na última jornada, o Portimonense bateu o já campeão Estoril, por 4-3. Em relação à equipa que defrontara o União de Coimbra, Artur cedeu o lugar a Abelino, com Gilberto, Delfino (dois) e Peniche a marcarem os golos da formação alvi-negra, que rubricou uma exibição muito elogiada, diante do melhor conjunto da prova. Ficou um sabor amargo, no final do torneio, pois o Portimonense mostrou bom futebol e só não conseguiu melhores resultados devido a alguma infelicidade - diante do Famalicão, em casa, esteve a ganhar por 2-0 e perdeu por 2-3, com um golo na própria baliza do defesa Pintado a precipitar a reviravolta, e em Coimbra, frente ao União, uma arbitragem muito contestada, do portuense Vieira da Costa, esteve na origem da derrota, por 3-2. A propósito do referido jogo com o Famalicão conta-se que o árbitro terá sugerido ao Portimonense um 'prémio' extra e a 'senha' para a confirmação da entrega era a mala da sua senhora, que ao intervalo estava aberta, mostrando que o clube alvi-negro não correspondera ao solicitado. Coincidência ou não, os minhotos, que perdiam por dois tentos no descanso, operaram inesperada reviravolta...
  
Nesses tempos o futebol era vivido de uma forma bem diferente dos dias de hoje. Uma forte representação da direcção do Portimonense foi à estação esperar os adversários, seguindo-se, na noite que antecedeu os jogos, um convívio entre os responsáveis dos dois emblemas. O Estoril, na qualidade de campeão, foi ainda distinguido com um galhardete em cetim e os seus jogadores, ao regressarem a casa, na manhã de segunda-feira, de comboio, ouviram uma salva de palmas na estação...
  
Na década de 40, o Boa Esperança era o único rival local do Portimonense. Vários futebolistas serviram os dois emblemas e muitos jogos ficaram assinalados por grande tensão, como um, disputado a 7 de Dezembro de 1947, vencido pelos alvi-negros, por 3-2. As crónicas da época falam em jogo duro, até mesmo violento, com o árbitro, Silva Pires, de Setúbal, a ver-se em grandes dificuldades para conter os ânimos, mesmo depois da expulsão de um elemento de cada lado - Pintado e Arnaldo.
  
Depois de chegar à segunda fase da II Divisão em 47/48, o Portimonense esteve a um pequeno passo da subida à I Divisão na temporada de 48/49. A equipa começou por ganhar tranquilamente a sua séria na II Divisão, com onze vitórias, um empate e duas derrotas, superando Beja, Farense, União de Montemor, Boa Esperança, Portalegrense, Campomaiorense e Moura, e, na fase seguinte, saiu-se a contento, depois de um começo decepcionante, com uma derrota no reduto da Cuf (1-0) e um empate caseiro frente ao Oriental (2-2). Seguiram-se, todavia, triunfos em casa frente a Beja (5-2) e Cuf (4-2) e um excelente empate no reduto do Oriental (2-2). Como o Beja estava impedido de utilizar o seu campo, o último jogo disputou-se em Portimão e os alvi-negros bateram os alentejanos por 6-1, 'carimbando' a passagem à próxima etapa.
  
Um triunfo dilatado (3-0, frente ao Oriental) abriu boas perspectivas, depois anuladas pelas derrotas nos recintos da Académica (0-1) e do Famalicão (2-3), rebentando, entretanto, um escândalo de enormes proporções, por alegada corrupção no jogo Oriental-Famalicão, ganho pela primeira daquelas formações, por 5-1. Um jogador minhoto, de nome Pires, não terá resistido a uma oferta de um dirigente do Oriental e as duas equipas acabaram por ser eliminadas da prova, por decisão da Federação Portuguesa de Futebol. Antes de tomada uma decisão final o Portimonense ainda jogou com a Académica, ganhando por 2-0, e com o Oriental (derrota por 6-1), num jogo marcado por graves incidentes, com a comitiva alvi-negra a ser maltratada. Os jogadores, o presidente José Mendes Furtado, a quem até um cachecol do clube roubaram, e o treinador Joseph Szabo viram-se "empurrados, agredidos e cuspidos", segundo os relatos da época.
  
Com o afastamento de Oriental e Famalicão, tudo indicava que contariam apenas os resultados entre as outras duas formações e, como o Portimonense estava em vantagem nos jogos com a Académica (derrota por 1-0 e vitória por 2-0), alguns jornais chegaram a anunciar a subida dos alvi-negros à I Divisão.
  
Puro engano! Os 'estudantes' tinha, então, grande influência e o Ministro da Educação chamou a si a resolução do problema, decidindo-se pela marcação de um jogo entre as duas formações, em campo neutro. O duelo realizou-se em Lisboa, a 5 de Junho de 1949, no Lumiar. Sob a direcção do árbitro Oliveira Machado (Lisboa), o Portimonense apresentou os seguintes elementos: Afonso; Jorge e Vicente; Nunes, Luz I e Granadeiro; Luz II, Jesus, Gilberto, Delfino e Pascoal. A Académica ganhou, por 2-1, com Pascoal a marcar para os alvi-negros, enquanto Pacheco e Gomes conseguiram os tentos dos conimbricences, de nada valendo os cuidados do dirigente Joaquim de Mendonça Lopes, que manteve os jogadores alvi-negros incomunicáveis até à hora do jogo.
  
Restava ainda uma última oportunidade ao Portimonense para ascender à I Divisão, pois disputaria uma semana depois a 'liguilla' de acesso ao escalão superior com o Lusitano de Vila Real de Santo António, que ficara em penúltimo no escalão principal. Nova derrota, pela mesma marca (2-1), com golos de Granadeiro, para os alvi-negros, e Germano e Almeida, para os vilarealenses, num jogo disputado em Faro.
  
Acabava-se o sonho mas ficara demonstrado o valor da equipa, orientada por um técnico reputado, Joseph Szabo, que se sagrara campeão nacional por três vezes, uma ao serviço do FC Porto (34/35) e duas no comando do Sporting (40/41 e 43/44), e soube incutir ambição e disciplina num grupo de boa qualidade técnica.
  
Em 1949/50 o Portimonense marcou presença na segunda fase da II Divisão mas sem dispor de nova oportunidade para subir de escalão. O mesmo sucederia nos anos 60, marcados por várias classificações honrosas - um terceiro e dois quartos lugares, na Zona Sul -, a alguma distância do primeiro e, portanto, longe da possibilidade de ascender ao patamar mais alto do nosso futebol.
  
O fundador Amadeu D'Andrade raramente via um jogo do princípio ao fim: os nervos levavam-no a abandonar a pequena bancada, passeando, ansioso, pelas suas traseiras. As reacções dos adeptos faziam-lhe chegar boas ou más notícias...
  
Neste período da vida do clube a indústria conserveira e a actividade piscatória proporcionavam importantes apoios ao Portimonense. Há registo de alguns barcos cederem uma pequena fatia da sua receita diária para o clube, prática mantida até aos anos 70, e, em algumas deslocações, em particular a Olhão, os adeptos faziam-se deslocar nas embarcações. Registe-se, ainda, a circunstância de muitos jogadores trabalharem em fábricas de conservas de peixe, beneficiando do bom relacionamento entre as sucessivas direcções do Portimonense e os principais empresários do ramo.

 
Anos 50 e 60

 
As décadas de 50 e 60 ficaram assinaladas, no aspecto económico, pela progressiva entrada em decadência da principal actividade da região, a indústria conserveira, com a consequente redução de apoios. O Portimonense viveu um período de grandes dificuldades financeiras, o que levou mesmo o clube a perder o campo, vendido para pagar dívidas.
  
Fernando Cabrita e Manuel Caldeira, antigos internacionais de renome, terminaram em Portimão as suas carreiras de futebolistas e aqui começaram como treinadores, mas sem sucesso, em boa parte devido ao quadro difícil acima descrito. Joseph Szabo voltou a passar pelo comando dos alvi-negros, sem o êxito de outros tempos, e Tavares Júnior, Saraiva, Orlando Ramin, Vinueza e Di Paola não tiveram melhor sorte.
  
Deste período fica o registo de jogadores de craveira, como os já citados Cabrita (fez parte de uma excelente equipa, em 44/45, na qual se incluíam ainda Velhinho, Bernardo, Vitória, Rocha, Vicente, Lima, Delfino, Gilberto, Estrelo, Ponte, Palma, Artur, Pintado, Quinta, Marreiros e Moreira) e Caldeira e ainda Aquimínio, Alexandrino, Romão, Camarinha, Ramos e Ernesto, dignos sucessores de figuras que ajudaram a construir a história do Portimonense - Henrique Vasconcelos, José Sansão, Graça Mira, Euclides Bernardo, António Henrique, Joaquim Viegas da Quinta, Manuel Afonso, Melão, Bezerra, Jesus, Alberto Azevedo, Rebelo, André, Coelho, Jorge Rijo, Dema, Flora e tantos outros que honraram a camisola preta e branca. Muitos dos nomes citados, assim como o guardião Daniel, citado mais adiante, chegaram a vestir a camisola da selecção do Algave diversas ocasiões.
  
Nos anos 60, registo para um curioso jogo entre a Direcção do Portimonense e o Conselho Geral, seguido de um embate entre os juniores do Portimonense e do Esperança de Lagos, com a receita a reverter a favor da Mocidade Portuguesa, numa iniciativa que contou com o particular empenho do dirigente Frutuoso da Silva Cerqueira. Alinharam: Dimas, Nuno Mendes, Firmino Moura, Edmundo, Luís Catarino, Pombinho, Frutuoso, José Manuel, Feu, Acácio e Ramos, pela Direcção, e Nuno dos Reis, Rogério Bastos, António Cristóvão, Abelino Sequeira, João Palma, Veríssimo, José Reis Ramos, Francisco Mendes, Jesuíta, António Dias e Honorato, pelo Conselho Geral. O jogo foi dirigido pelo senhor Santos (o conhecido JPS), auxiliado por Amadeu Andrande e Manuel da Silva Duarte. Como é de bom tom nestas circunstâncias registou-se um empate (a cinco tentos) e, para recuperar as forças, uma caldeirada esperava os participantes na jornada, na sede do clube.

  
Anos 70

 
A década de 70 assinala um novo fôlego do Portimonense. A crescente importância de duas actividades económicas - turismo e construção civil - que trouxeram prosperidade ao Algarve e ao concelho de Portimão, tiveram como consequência a redinamização do Portimonense, que passou a dispor de mais meios e elevou a fasquia das suas ambições competitivas, embora a primeira subida à I Divisão tenha acontecido... quase por acaso, pois tal meta não constava dos objectivos traçados no início do campeonato.
  
No início dessa década, o Portimonense contava com jogadores como Daniel e Semedo, os guarda-redes, Lino, Marujo, Hélio, Celestino, António Luís, Luz, Ramos, Lecas, Mateus, António José e Pacheco. Alguns deles festejariam, alguns anos depois, um dos maiores feitos de sempre da história do clube.
  
António Gama, Óscar Tellechea e João Faia passaram pelo comando da equipa antes de Mário Nunes assumir o lugar em 74/75 - ele que viera do Farense uns anos antes numa mudança envolvida em polémica, pois num jogo em Portimão gerara-se uma confusão que o levou a prestar declarações na Polícia... Quem o olhava de lado deixou de ter motivos para isso depois do feito alcançado em 75/76, a subida à I Divisão.


Desse feito, de outros sucessos (todas as subidas de escalão e presença na Taça UEFA) e das campanhas que se seguiram na I Divisão e II Divisão de Honra (depois II Liga), irá ter futuramente ao seu dispor neste site, o registo pormenorizado, incluindo as fichas de todos os jogos disputados pelo Portimonense nos campeonatos referidos.

 
A Queda na II Divisão B

 
O Portimonense viveu épocas de glória no final dos anos 70 e durante toda a década de 80. Participação na taça UEFA, quinto na lugar na I Divisão, título nacional da II Divisão, diversos triunfos na Taça de Honra da AF Algarve (o primeiro dos quais em 75/76, o ano da primeira subida ao escalão principal, depois de um triunfo sobre o Esperança de Lagos, por 1-0, golo de Airton) - pela cidade passaram grandes nomes do futebol português, cujos nomes facilmente serão encontrados nos registos pormenorizados das diversas temporadas, e ainda vários estrangeiros de bom nível, em cerca de quinze anos em que os alvi-negros se apresentaram como a principal referência desportival do sul do País.
  
Portimão foi a rampa de lançamento de muito treinadores - Artur Jorge, Manuel José, Vitor Oliveira e Manuel Cajuda, por exemplo - e de um ainda mais numeroso leque de jogadores. Rui Águas, por exemplo, vivia no anonimato do Atlético e ao serviço dos alvi-negros mostrou qualidades que o levaram, mais tarde, a viver tardes de glória com as camisolas do Benfica e do FC Porto.
  
As autarquias viviam, então, uma situação de desafogo financeiro e o Portimonense beneficiou de generosos subsídios, com vários empresários, sobretudo das áreas do turismo e da construção civil - que registaram um crescimento notável no período de tempo em questão - a prestarem, igualmente, a sua colaboração.
  
A fórmula do sucesso, porém, esgotou-se aos poucos, sem que fossem encontradas soluções alternativas, e o Portimonense terminou a década de 80 num quadro de dificuldades financeiras e de progressivo alheamento das gentes da cidade. Uma fusão com o Grupo Desportivo Torralta, que poderia trazer grandes dividendos, atendendo ao património do vizinho concelhio (em particular o Estádio Dois Irmãos) acabou por nada produzir de positivo, servindo apenas para uma honrosa saída de cena daquela que foi uma das melhores escolas do futebol português.
  
As prestações competitivas eram cada vez mais pobres e essa perda de capacidade acabou por traduzir-se na queda na II Divisão de Honra, precisamente no ano de estreia da prova. Apeado do patamar superior do futebol português, o Portimonense viu os apoios baixarem ainda mais e o futuro toldou-se de nuvens negras, face ao avolumar de dívidas e à incapacidade para solucionar o passivo. Houve que fazer uma autêntica 'travessia do deserto', aceitando a queda na II Divisão B como uma necessidade, pois, com um volume mais baixo de despesas, sobraram alguns recursos para, gradualmente, sanear as finanças do clube.
  
Assumir esse passo foi fundamental para resolver os problemas herdados do passado, com os dirigentes a terem a coragem de abdicar de ambições desportivas em prol da normalização da vida do clube. Um processo já concluído, com a fasquia, no capítulo competitivo, a poder, agora, aumentar de novo.

 
Presidentes

 
   Amadeu Figueiras d'Andrade, o grande responsável pela formação do clube, foi o seu primeiro líder, antes da elaboração dos primeiros estatutos, surgindo, depois, referências a vários outros nomes como presidentes do clube: Alberto Ribeiro d'Azevedo, Francisco José Duarte, António Hilário da Paula Júnior, nas décadas de 20 e 30, Martinho Mergulhão, António Teixeira Gomes e António Feu, nos anos 30, José Joaquim Mendes Furtado nos anos 40, Padre Manuel Vitorino Correia, João Simões Tavares e Rogério Alvo nos anos 50, José Manuel Azevedo, António Rocha da Silveira (que cumpriria vários ciclos na presidência), Diogo Marreiros Neto e Luís Catarino nos anos 60, e Celestino Alvo, Adriano Bentes, Henrique Neves (festejou a subida à I Divisão), António Mira Pacheco, Luís Sequeira e Manuel João, nos anos 70.
  
Este último dirigente marcou presença de relevo no período de apogeu do clube, liderando o Portimonense aquando da conquista dos maiores feitos na I Divisão, incluindo o apuramento para a taça UEFA, e, também, no seu declínio - quando abandonou a presidência a colectividade vivia uma profunda crise financeira, da qual demorou quase uma década a recuperar, já sob o comando de Luís Alberto Estevão, com uma curta interrupção, aquando da passagem de António Pedro pela liderança.
  
Herdando um passivo significativo, num quadro de completo alheamento das gentes da cidade pelos problemas do Portimonense, a ponto de chegar a anunciar-se a formação de uma comissão liquidatária, Alberto Estevão, graças a uma gestão rigorosa, conduziu o clube a uma situação estável do ponto de vista financeiro e de crescente aumento da capacidade competitiva. Foi recuperada a credibilidade perdida, com a resolução dos vários processos pendentes nos tribunais e o pagamento atempado dos compromissos assumidos, e, aos poucos, através da libertação de receitas que se encontravam penhoradas, a fasquia, no aspecto desportivo, subiu.
  
Um dos primeiros clubes portugueses a ter uma licença para a exploração de uma sala de bingo, o Portimonense fez um dos seus melhores negócios... ao encerrar esse espaço, numa fase em que o jogo já não despertava grande entusiasmo. O aluguer da sala, onde foi instalado um supermercado, constitui um dos passos importantes na estratégia definida para a recuperação financeira.
Seguiu-se o mandato de João Sintra (2003-2006), estando actualmente em funções, desde o dia 9 de Outubro de 2006, a direcção liderada por Fernando Rocha.

 
O dia mais triste da vida do clube

8 de Abril de 1989. Uma data que muitas famílias portimonenses jamais esquecerão, devido a um terrível acidente de viacção que ceifou a vida a doze pessoas, perto de Tunes, na estrada entre Albufeira e S. Bartolomeu de Messines até há pouco tempo, antes da inauguração do último troço da auto-estrada Algarve-Lisboa, o principal acesso à capital do País e ao Norte.
  
Um autocarro com adeptos seguia para o Porto, onde o Portimonense jogaria no dia seguinte, e o rebentamento de um dos pneus traseiros provocou o descontrolo do veículo, com o condutor a conseguir mantê-lo na estrada durante cerca de 150 metros, antes das rodas do lado direito pisarem a berma. Aí, o motorista perdeu por completo o controlo da situação e seguiu-se a tragédia - a queda numa pequena ribanceira, seguida de capotamento.
  
A parte superior do autocarro ficou parcialmente destruída e ao local acorreram bombeiros de vários pontos do Algarve, retirando os mortos e socorrendo os muitos feridos - 35, alguns em estado grave -, com o tráfego automóvel a ficar cortado naquela estrada durante várias horas.
  
O registo das vítimas mortais do acidente, com algumas indicações complementares (reportadas à data) que permitirão uma mais fácil identificação: Vitor Manuel do Rosário, de 53 anos, presidente do Centro de Apoio a Idosos de Portimão, e sua esposa, Florinda dos Anjos Monteiro do Rosário, 46 anos, Florbela Caeiro Calisto, de 53 anos, esposa do dono da Portividro, Ernesto Vicente Leandro, de 61 anos, e a sua esposa, Fátima Leandro, de 58 anos, donos do gabinete de contabilidade Ervilex, Américo Vieira Rodrigues, empregado no casino de Alvor, e sua mulher, Maria Rosa Boto Rodrigues, ambos de 44 anos, Emília da Conceição Bárbara, de 64 anos, Germano de Oliveira Encarnação, de 58 anos, Ana da Conceição Nobre, de 55 anos, Isabel de Jesus Augusto Dias, de 52 anos, esposa do sub-chefe Dias, da PSP de Portimão, e Diamantino Cabrita Martins, de 59 anos.
  
A notícia cedo chegou a Portimão pouco depois do acidente ter ocorrido, provocando grande consternação na cidade e um choque entre dirigentes e jogadores, que preparavam a deslocação ao recinto do Boavista. O Portimonense perdeu, por 1-0, e a actuação da equipa foi condicionada pela enorme tristeza provocada pelo nefasto acontecimento, faltando as forças para alcançar uma vitória, a qual teria, seguramente, uma dedicatória especial.
  
No dia 10 de Abril de 1989, nas maiores cerimónias fúnebres alguma vez realizadas na cidade, uma multidão - que incluiu figuras da vida política e dirigentes de várias associações e colectividades - despediu-se de gente conhecida e estimada, em alguns casos com vários anos de filiação no Portimonense Sporting Clube.
  
A insuficiência de carros funerários na cidade levou ao recurso a viaturas de S.Bartolomeu de Messines e Faro. O Portimonense e a Câmara colocaram as suas bandeiras a meia haste e Portimão parou quase por completo, pois a Associação Comercial decidiu encerrar as portas dos estabelecimentos durante parte do período da tarde.
  
O Portimonense via partirem vários membros da sua família e, a partir dessa trágica ocorrência, a equipa raras vezes contou com um forte apoio em terreno alheio, pois as excursões, que em tempos chegaram a ser em número bem significativo, diminuíram drasticamente, de alguma forma acompanhando, também, a queda competitiva do clube, que pouco mais de um ano depois perderia a sua condição de primodivisionário.
Camadas jovens

Formação de Futebol

Os juniores e juvenis sagraram-se campeões do Algarve na época 2002/2003 e juntaram-se aos iniciados na I Divisão, repetindo o sucedido em 98/99 e 99/00. Tal registo, por si só, diz bem do trabalho que tem sido desenvolvido neste importante sector, em condições longe das desejáveis, embora melhoradas ao longo dos últimos anos. Primeiro sob a presidência de Alberto Estevão, com a construção de balneários e de um campo pelado com iluminação, no terredo cedido pelo Major David Neto e depois, na presidência de João Sintra, com a iluminação do campo relvado do Major David Neto, a compra de duas carrinhas para melhorar a logística, etc.
A direcção presidida por Fernando Rocha tem apoiado o futebol juvenil com um conjunto de medidas que vão desde uma maior organização neste departamento até à luta incessante por melhores condições nos equipamentos desportivos.   
O primeiro êxito do futebol juvenil do Portimonense remonta a 50/51, com um triunfo por 2-1, diante do Farense, em Silves, a proporcionar uma saborosa conquista: o título distrital de juniores. Cerca de uma década mais tarde os alvi-negros viriam a ter uma excelente equipa naquele escalão, orientada por Fernando Cabrita, que desenvolveu um interessante projecto de fomento das camadas jovens, debatendo-se, contudo, com a falta de condições.
  
Em 70/71 o clube passou a contar com uma formação de juvenis e os sucessos eram espaçados, com as dificuldades a aumentarem depois da subida do clube à I Divisão, em seniores: o arrelvamento do campo 'despejou' as camadas jovens do único espaço (então) existente na cidade e só o entusiasmo de um grupo reduzido de 'carolas' permitiu que o clube mantivesse equipas na formação.
  
Dois títulos de juniores e outros dois de iniciados não esconderam as imensas dificuldades vividas em toda a década de 80 e, num ano, o Portimonense nem sequer formou equipa de juniores. Noutros, a qualidade do trabalho desenvolvido deixou muito a desejar, pois os treinos e os jogos disputavam-se em campos emprestados (Alvor e Montes de Alvor), com as consequentes dificuldades de ordem logística daí resultante, não raras vezes traduzidas em prestações competitivas longe do desejável. Os apoios eram escassos e faltava de tudo um pouco.
  
Em 87/88 os juniores sagraram-se campeões do Algarve, ascendendo ao nacional da I Divisão, mas depressa voltariam aos regionais, como havia sucedido noutras ocasiões. Só a partir de meio da década de 90 o futebol juvenil viu um quadro de todo desfavorável alterar-se: Alberto Estevão, entretanto eleito para presidente, definiu a formação como uma das prioridades e, sob o impulso de Luís Batalau e outros dirigentes, foi feito um esforço significativo no âmbito das infra-estruturas, primeiro passo para uma melhoria quantitativa.
  
Os resultados de tal investimento não tardaram: dois títulos distritais de juniores, quatro de juvenis e um de iniciados e uma presença regular nos campeonatos nacionais desses escalões assinalaram a última década, havendo ainda a acrescentar a presença nas segundas fases em algumas temporadas. Tudo sob o comando técnicos diplomados, com a condições imprescindíveis para o desenvolvimento de um trabalho capaz, incluindo apoio médico e equipamentos.
  
O trabalho desenvolvido no Portimonense não passa desapercebido a clubes de maior dimensão, que aqui recrutam regularmente talentos em embrião, pagando as taxas de compensação previstas - de valores pouco significativos -, sem que os alvi-negros possam obstar a essa situação. Ainda recentemente na selecção de sub-17 que se sagrou campeão europeia em Viseu figurava um jovem 'fabricado' nas escolas do Portimonense, João Moutinho, entretanto contratado pelo Sporting.

Deixe um comentário no Grupo de Facebook
ou envie para arquivos@portimonense.pt
 
5447